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The original was posted on /r/casualpt by /u/luckysilva on 2024-12-15 23:40:37+00:00.


Este post não é sobre mim. Mas é sobre perdas traumáticas e as angústias que as mesmas causaram a muita gente.

Cresci com um grupo de amigos (éramos 3 rapazes e 2 raparigas) e desde muito cedo, por razões de amizades de nossos pais e proximidades das nossas casas passávamos o tempo todo a brincar na “rua”, íamos para escola todos juntos e era sempre uma aventura nova todos os dias. Nascemos todos em 1975 e a vida na altura era bem diferente, não era pior nem era melhor que a actual, somente diferente.

Já nos anos 90, eu e uma das miúdas começamos a namorar e foi, talvez o pico da minha juventude. Pensei que íamos viver juntos toda a vida, mas ao fim de estarmos juntos 4 anos um trágico acidente tirou a vida a (vou-lhe chamar C.). E por pouco a mim. Um acidente completamente estúpido, pois estávamos simplesmente a entrar no carro num estacionamento quando um outro carro se despistou e atingiu o nosso no lado do pendura. Nos meus braços vi-lhe a vida esvair-se…

Quase exactamente um ano depois, num outro acidente um dos rapazes, R. teve também um acidente e faleceu. E nenhum de nós soube lidar com isto.

Tudo isso abalou a vida dos 3 restantes amigos, um deles, o outro rapaz X. por breves períodos sucumbiu ao flagelo da droga, a outra rapariga, I. criou varias doenças autoimunes que lhe complicaram a vida. Para sempre.

Eu, L. terminei o curso e comecei a viajar, tinha 24 anos, fugi de mim próprio durante um ano na Argentina, 12 anos em África, onde vi e vivi coisas indescritíveis e também onde me apaixonei pela Uamusse, e mais uns quantos entre os USA, Singapura e finalmente Nova Zelândia, que foi, quase, o meu ponto de partida.

Durante esse tempo sempre fomos os melhores amigos, X. I. e L. Durante as minhas idas e voltas percebi que que X e I eram mais do que amigos… Mas era um amor clandestino e “proibido”…

Eu reencontrei-me.quando de regresso a casa, Austrália, e de seguida fui trabalhar para Auckland na NZ. E conheci uma Māori que me fez parar e refletir.

Uns anos depois, eu já com 38 anos, e a minha esposa com 31 casamos, e I. foi a minha madrinha, 7 anos depois tivemos a nossa filha. Obviamente nunca esqueci quem ficou pelo caminho, mas a vida seguiu. Eu percorri mundo, mas perdi tempo. Se fosse hoje não teria fugido dos problemas.

Soube há uns dias que I. tem um cancro que, muito possivelmente, será no mínimo devastador. Mas muito possivelmente terminal. Por esse motivo ela andava tão esquiva…

X. ainda não sabe o que se passa com I. e terei de ser eu a contar (nem sei por onde começar).

Este post, serve somente como reflexão sobre como a vida passa rápido, mesmo quando a vivemos a todo gás, nada pára o implacável tempo.

Se fosse hoje teria trocado todo o mundo que vi, (todas as viagens pelo Sahara, Sambisa na Nigéria, a floresta tropical do Congo a imperdível Namíbia e a sempre encantadora cidade do Cabo) pelo meu “quintal”. Pensava eu que estava a exorcizar traumas passados e a viver a vida ao máximo. Só que não.

Tenho aventuras de viagens para contar que trocaria de imediato por tempo com esses meus amigos.

Essa é a reflexão que aqui deixo.

Desculpem se não é o subReddit certo e desculpem pela muralha de texto e pelos erros.