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The original was posted on /r/pastaemportugues by /u/MarteloRabelodeSousa on 2023-08-13 19:02:20.


Começo (22M) por dizer que isto não é uma pasta, mas uma história verídica que não teve piada nenhuma na altura. No entanto, durante o acontecimento, fui positivo e pensei que dias depois seria mais uma história engraçada para contar com uns copos em cima.

Na semana passada, fui a um aniversário e comi uma francesinha enorme. No entanto, há uns meses tive uma grande gastroenterite e as minhas entranhas ainda não deviam estar rijas. Jantei tarde porque houve uns atrasos e, nessa noite dormi pouco, pois no dia seguinte ia com a minha namorada e a família dela a uma praia artificial (somos de distritos vizinhos). Passei mal a noite dado não ter conseguido digerir bem a francesinha, não dormi bem e suei muito.

No dia seguinte, levantei-me então muito cedo para apanhar o autocarro para o distrito da minha namorada. Mal cheguei tive que me aliviar no WC do terminal, pensando que seria apenas um deslize num dia longo e quente. Fomos para a praia e o almoço foi rissóis de leitão, comida perfeita para as entranhas já debilitadas. Resultado: algum tempo depois tive que correr para a sanita, desta vez com dores. Menti a mim mesmo que melhoraria e que com certeza não iria passar mal o resto do dia. Estava enganado. Lanchamos, comendo daquelas bolachas com pepitas de chocolate. De novo e pela terceira vez no dia, corri para o WC aflitíssimo.

Finalmente fomos embora, depois de um dia com muito calor e de algum cloro ingerido. Durante a viagem, sinto os intestinos a ativar os bombos de guerra, roncando que nem uma moto-serra. Comecei a sentir-me enjoado, mas, como ainda tinha uma viagem de mais de 1h30 pela frente para casa, fiz-me forte e assegurei a minha namorada que aguentava até casa.

No comboio para a minha terra, sem WC e abarrotado de pessoas (nomeadamente turistas), lá aguentei 15 min com cada vez mais cólicas e suores frios, até que cheguei a um ponto que senti o tarolo a começar a escorregar pelo intestino grosso abaixo. Corri até ao revisor e perguntei-lhe se a estação não apeadeiro mais próxima (a uns 8 min) tinha WC e este respondeu-me que supostamente sim mas não sabia se estaria aberto. Expliquei a minha situação, que estava a sentir-me mal e que ia aguentar até lá. A este ponto já tinha aceitado que iria abandonar o comboio a 1/3 da viagem.

Mal me voltei a sentar comecei a sentir molhado nas cuecas: se não saísse naquele momento do comboio, iria borrar-me todo em frente a dezenas e dezenas de pessoas. Peguei nas minhas coisas e fui para a porta. Segundos depois, saí num apeadeiro, que obviamente não tinha WC. A este ponto já me estava a cair tudo e tinha de agir rápido se queria segurar o mínimo de dignidade. Como era um apeadeiro, muito poucas pessoas passavam ali, o que já não era mau. Em busca de um canto ou arbusto onde me pudesse borrar todo, vejo a minha sorte: uma casa abandonada com espaço exterior mesmo junto ao apeadeiro. Só tive tempo de correr até ao muro, atirar as coisas ao chão, saltar o muro, baixar os calções e deixar fluir uma diarreia enorme, clara e mal cheirosa.

A este ponto só me apetecia chorar, achando que era o ponto mais baixo (em dignidade) da minha vida: perdido num apeadeiro qualquer, numa casa abandonada e a borrar-me todo ao aberto, com dores. Ligo para a minha mãe e para a minha namorada, completamente desesperado, e explico a situação de merda em que estava. Infelizmente, tinha poucas opções: um familiar iria buscar-me, mas demoraria 50 min, os sogros demorariam meia hora e teria que pernoitar em casa deles (borrado, sem roupa, e com diarreia) ou apanhava o comboio seguinte dali a 45 min e rezava que não voltasse a fugir a meio da viagem. Entretanto, gastei todos os meus lenços de papel a limpar-me. Borrei-me uma segunda vez e tive que os reaproveitar muito bem, incluindo as próprias cuecas.

Infelizmente, não estava bem escondido e uma pessoa que estivesse nas escadas ou na ponte sobre a linha de comboio conseguiria facilmente ver que estava um gajo com uma t-shirt fluorescente derreado atrás do muro da casa. Um homem falou na minha direção muito alto, não dando para perceber o que ele disse. Durante a peripécia toda, ele mais umas 3 pessoas passaram pela rua, conseguindo claramente ver que eu estava ali (espero eu que não desse para ver o que estava a fazer).

A minha grande sorte: outro familiar estava a passear perto a 20 min de mim, pelo que me pode ir buscar em tempo útil e levar-me para casa (45 min). Enquanto esperava, lá estava eu, sentado semi nu com os calções para baixo em cima da minha toalha de praia, com um guarda sol aberto à minha frente para me tapar o melhor que dava, as cuecas borradas atiradas fora e a 1 metro e meio de mim, dois grandes montes de esterco humano infestados com dezenas de moscas. Uma pessoa que ali passasse podia pensar que era um drogado a picar-se. Além disso, com um jeitinho, a câmara do apeadeiro apanhou tudo. :D

Foram 20 minutos muito longos, a reconsiderar várias decisões na minha vida.

Lá aguentei a viagem até casa o melhor que podia. Mal cheguei, tomei Imodium Rapid, caguei mais algumas vezes durante a noite e, três dias depois sem cagar nada, lá comecei a ficar normal.

Em suma, no meio da peripécia, três sortes: não me borrei todo dentro do comboio cheio; a casa abandonada ao lado do apeadeiro e o familiar pertinho para me ir buscar.

E vocês, que histórias de merda têm?

TL;DR: abusei na comida, ignorei as diarreias durante o dia e a meio de uma viagem tive que fugir para uma casa abandonada para me borrar todo ao aberto. Podia ter sido pior.