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The original was posted on /r/casualpt by /u/4in4t92 on 2025-05-14 13:35:00+00:00.

Cresci tal como muitas outras mulheres a ouvir dizer que com qualquer descuido poderia engravidar, e por isso sempre fui bastante responsável na minha relação, inicialmente com o uso de preservativos, e depois com a toma da pílula.

Assim foi por mais de 10 anos, todos os dias sem falhar, por volta da mesma hora, e com o cuidado de usar proteção extra caso tivesse feito algum tipo de antibiótico, ou se estivesse mal do estômago/barriga.

Casamo-nos, comprámos casa, eu acabei o meu curso, juntámos um fundo de emergência, e finalmente decidimos que estava na hora de dar o passo em frente, para algo que tanto queríamos, ser pais. O relógio biológico já andava a tocar há uns bons tempos.

Planeamo-nos o melhor que sabíamos, e eu decidi deixar de tomar a pílula (começando já a preparar o corpo), optando novamente pelo uso de preservativos, até estarmos financeiramente organizados para dar o salto. No decorrer desse ano acabámos de juntar dinheiro para um carro mais moderno e familiar, já a fazer conta com o aumento da família, e com exigências de maior segurança. E criámos também um fundo do bebé, onde metemos de parte dinheiro para todos os gastos que teríamos numa fase inicial, como o quarto, o carrinho, a cadeira auto, e todos os restantes acessórios, produtos e roupinhas necessários.

Fomos a uma consulta de planeamento familiar, fizemos as análises e exames recomendados, e os resultados estavam todos ok, tendo apenas iniciado a toma de um suplemento pré conceção. Basicamente em meados de Outubro do ano passado disseram-nos que era só questão de iniciar os treinos e aguardar.

Escusado será dizer que estávamos (e estamos) bastante entusiasmados com o facto de virmos a ser pais. Demos por nós a pensar em nomes, a entrar em lojas para vermos carrinhos e berços, a medir o futuro quarto do bebé e a idealizar onde iríamos colocar cada móvel, e assim se foram passando os primeiros meses.

Em Dezembro andei bastante entusiasmada com a hipótese de poder descobrir que estava grávida na semana de Natal, o que seria a melhor prenda de sempre. Não aconteceu, e estava tudo bem, afinal de contas só tinham passado 2 meses. Passou-se Janeiro, e em Fevereiro veio outra vez o entusiasmo de haver a possibilidade de no dia dos namorados anunciar-lhe que estava grávida, o que mais uma vez não aconteceu…nem no dia do pai em Março, nem no meu aniversário em Abril, nem no dia da Mãe em Maio…e para o mês que vem o meu ciclo menstrual termina na semana de aniversário dele.

Contamos agora com 7 meses/ciclos a tentar…e pelo meio já perdi a conta a quantos casais amigos/conhecidos anunciaram a sua gravidez, alguns sem que tivessem qualquer intenções de engravidar…

Obviamente que fiquei feliz por elas e desejo-lhes o melhor, mas por dentro não deixo de sentir uma certa inveja, e até revolta por estar a fazer tudo certo e mesmo assim não conseguir.

A minha mãe demorou 1 ano até conseguir engravidar de mim, no entanto 7 anos depois engravidou do meu irmão num espaço de um mês. Por isso sempre tive noção desta possibilidade, e sei que até um ano nem há motivo para preocupações, mas o lado lógico do meu cérebro e o sentimental do meu coração não têm chegado a acordo…e a carga emocional tem sido grande.

Tenho tentado não pensar tanto no assunto e distrair a cabeça com outras coisas, mas o subconsciente está sempre a trabalhar, e ainda hoje acordei sobressalta às 6 da manhã, depois de ter sonhado que a minha melhor amiga anunciava estar grávida…

Sempre fui uma pessoa muito lógica, e não me estou a reconhecer nesta fase da minha vida. Há dias ou alturas do dia em que parece que me desaba o chão. O meu marido tem estado sempre presente a dar-me apoio, mas sei que também lhe custa ver-me assim. E para além disso tenho perfeita noção que esta ansiedade não me ajuda em nada, antes pelo contrário.

Mas basicamente é isto, “uma vida” a tentar não engravidar, porque uma simples gotinha era suficiente…mas passados uns 200 dias e mais de 100 relações sexuais desprotegidas, nada de gravidez.

Desculpem o desabafo, mas hoje está a ser um daqueles dias difíceis…em que com os nervos tive de me conter para não ir comprar um maço de tabaco (que larguei há um ano e meio). Basicamente estou com aquela vozinha na cabeça que me diz se estás a fazer tudo certo e não consegues, então mais vale fazeres aquilo que te apetece.

Edit: não estava à espera de tantas respostas e postei isto momentos antes de entrar ao trabalho, assim que conseguir volto para ler tudo com calma, e obrigada desde já por todas as vossas respostas.