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The original was posted on /r/brasil by /u/vitorgrs on 2023-09-17 03:25:03.
Nos últimos dias, os modelos climáticos vêm se mostrando consistente em indicar um possível recorde de temperatura em boa parte do centro-sul da América do Sul. Na realidade, conforme está se aproximando da data, os modelos estão indicando um calor ainda mais intenso.
Para o dia 26, os modelos chegam a indicar 49ºC no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Mas o recorde de calor irá atingir boa parte do Brasil, e não apenas o centro-oeste. Recorde também deve ser registrado no Paraguay, Norte da Argentina e Bolivia.
Os modelos indicam uma anomalia de temperatura de mais de 20ºC, isso é, 20ºC acima do normal para a época do ano.
Em Curitiba, a previsão é de até 39ºC (recorde na cidade é 35ºC).
Em São Paulo capital, a previsão é de 41ºC (recorde é de 37ºC).
Em Cuiabá, a previsão é de 48ºC (recorde é de 43ºC)
Em Londrina, a previsão é de 44ºC (recorde é de 41ºC)
Em Campinas, a previsão é de 42ºC…
Vocês podem ver o modelo americano aqui: GFS Model – 2m Temperature (shaded) for South America | Tropical Tidbits
O METSUL explicou há alguns dias como funcionam as bolhas de calor (heat dome), e como com as mudanças climáticas a tendência é se tornarem mais frequentes.
Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.
Nunca na história de mais de um século da observação do clima mundial tantos recordes de calor de todos os tempos caíram por uma margem tão grande quanto na histórica onda de calor do final de junho de 2021 no Oeste da América do Norte, efeito de uma maciça cúpula de calor. Foi o segundo desastre climático mais mortal do ano com 1.037 mortes: 808 no Oeste do Canadá e 229 no noroeste dos EUA. O Canadá quebrou seu recorde nacional de temperatura de todos os tempos em três dias consecutivos em Lytton, British Columbia, que atingiu impressionantes 49,6°Cem 29 de junho, um dia antes da cidade ser incendiada em um feroz incêndio florestal alimentado pelo calor extremo. O antigo recorde de calor canadense era 45,0°C em 5 de julho de 1937.
“Este foi o evento regional de calor extremo mais anômalo a ocorrer em qualquer lugar da Terra desde o início dos registros de temperatura. Nada se compara”, disse o historiador do clima Christopher Burt, autor do livro Extreme Weather. Apontando para Lytton, Canadá, ele acrescentou: “Nunca houve um recorde nacional de calor em um país com um extenso período de registro e uma infinidade de locais de observação que foi superado por 4ºC”, afirmou O pesquisador internacional de registros meteorológicos Maximiliano Herrera concordou. “O que vimos é totalmente sem precedentes em todo o mundo”, disse. “É uma cascata interminável de recordes sendo quebrados”, resumiu.
Um estudo de resposta rápida do programa World Weather Attribution descobriu que as altas temperaturas diárias observadas em uma área de estudo que abrange grande parte do Oeste de Oregon, Washington e Colúmbia Britânica em junho de 2021 teriam sido “praticamente impossíveis sem as mudanças climáticas causadas pelo homem”. O estudo estimou que foi aproximadamente um evento de 1 em 1000 anos no clima de hoje, mas em um mundo com 2ºC de aquecimento global, que se projeta para daqui a duas décadas, evento semelhante poderia ocorrer aproximadamente a cada cinco a dez anos.
São Paulo terá segunda metade de setembro excepcionalmente quente (metsul.com)